sábado, novembro 10, 2012

Ó raça de vida

Não é que ainda lhe sei o caminho! Aprenda eu a escrevinhar umas coisas com o pequenito que me há de sobreviver e ainda serei capaz um dia destes de voltar a tentar, pois que é de tentar, dizer algo que, enfim, por uma vez consiga expressar a vossa mercê o quanto nos vale cada passo que damos em terra nossa. Ai que eu não consigo imaginar o que seja aquilo da abaladura! Pobres coitados daqueles, a ver a família lá fixa no longe e eles sem saber para que poente os levam. É! Aquilo de te levarem dos teus para os outros barbudos que de carinho toma vai buscar?! Livrai-nos os Santos todos que nisto nenhum é de demais. Ao menos nós, nós, ainda nascemos e morremos no mesmo sítio, a boca quando come ainda sabe onde o corpo lhe vai largar aquilo, agora aqueles, ai pobres almas, de sol a sol sabe-se lá para quê, ao menos aqui o ganho sei bem de quem o é. Agora aqueles...que pensarão eles à noite quando estão surdos, mudos, quedos de olhos esbugalhados, concerteza que nada de muito caridoso para com os seus Senhores. Pudera! Olha, eu, em podendo, tinha-os aqui comigo. Não os tinha deixado ir atrás daquilo ai não. Mas que quereis! O encarregado que cá nos mandaram prometeu que havia lá daquilo, sabeis do que falo, que a rapaziada quer, pois que ficavam? Como? Não há cá borralho que os convença nem lança que os cative. Olha, agora foram-se. Concerteza que os deixarão vir despedir-se dos deles lá quando - esperemos que mais tarde que cedo - partirem para o cimo do monte, não? Então? Já não lhes dão o dia, é? Ó desgraça, mas então como é lá isso de alguém se intrometer entre uma pessoa e o que o fez? Isso é tanto poder, demasiado é pois. Olhe, eu bem que lhes disse que não valia a pena irem, mas quê! O chamamento da cidade foi que nem sereia. Que se dane o Castelo Branco mais a cidade. Para isto, mais valia tê-los mandado levar ao comboio daqui para fora, para lá do Tejo ou até mesmo lá para a terra dos chinos onde as novas quando chegarem já fedem.