quinta-feira, novembro 29, 2007

de Algibeira para o Mundo

Nunca digas Nunca.



Diz Jamais.

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domingo, novembro 25, 2007

Brincar com o fogo

- Frio do horizonte.
- Como?
- Frio do horizonte!
- Essa é mais uma das tuas piadinhas?
- Na, é uma ideia.
- Para?
- Quebrar o silêncio entre nós.
Eu sei que ficas sempre um pouco incomodada com estas tiradas que pingam chico-espertismo POP. E que gostas muito de frio, dizendo eu isto tu terias uma qualquer reacção.
- Não sejas tolo.
Eu tenho sempre reacção...ora essa! Tu é que tens andado o dia todo fechado...como se se passasse alguma coisa...
- E passa! Tu não estás cá, e eu também não, desde antes de almoço que parti à tua procura por aí.
- Ahahahah! E deste comigo?
- Não, mas tenho perguntado por ti a pessoas inimagináveis, tenho corrido todos os homens que te olharam desde que nós, enfim...
- Ui! E alguma novidade?
- Por favor...não me gozes. Eu não sei nada de ti e as horas que não te vejo passam lentas, e magoam-me quando regressas a casa assim...sem regressar.
- (...)
- Vês como não estás cá...
- Estou cá, não respondo é a palermices como as que dizes, se estás a querer insinuar alguma coisa di-lo já...enterra-te de vez.
- Nada, nada.
- Tu é que sabes.
- hmm. Pois sei.
Sei que não estás cá, que estás remoendo-te, olhando, sentindo qualquer coisa de muito feliz e intensa mas culpabilizas-te por isso. Estás prestes a estalar e mais não sei.
- Por favor, vamos parar com isto?
- Com um beijo?
- Hoje já te dei um beijo, dei-te mais que um beijo.
- Sim, deste. Deste como se dá uma esmola, por hábito, como quem fuma um cigarro e não o tem entre os dentes.
- Paras!!? Insultas-me!
- Não me insultes tu. Confia porra!
- Para. Peço-te...(isto não é fácil!)
- Eu nunca te fiz tal coisa...não faria!!! Adiaria, sei lá! Marcava para outro dia e dizia-te primeiro.
- Para, por favor. Tu não percebes......
- Pois não. Viste o comando? E o livro de cânticos corânicos que eu ando a recensar?
- Toma. Mais alguma coisa?
- Sim. Como foram as últimas horas de vida do teu Pai?
- Foram iguais aos últimos 3 anos e 9 meses, com a diferença que ele não chegou a conhecer o minuto 27 da 6ª hora do dia de hoje.
Shall we not pacoviate?
- We shall not pacoviate.

- E amanhã saio desta casa, parto sem que queira regressar-lhe. Não me sigas. Vou para longe e não irei sozinha.
- Como?
- Ihihihihhihihihihihhi!

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sábado, novembro 03, 2007

Do meu colchão

Do meu colchão alcanço:
- 10 a 15 crianças de toutiços, iguais nas feições, nos cabelos, nos sorrisos. Os pais não são os mesmos e não são tão iguais assim;
- Um solitário de longos cabelos longos que de escadote está há horas a pendurar em fios concêntricos tiras de tecido com postas multilinguísticas em letra de imprensa;
- Com a vassoura, um trabalho da vizinha do 4.º Esquerdo que se foi caprichosamente entalar no parapeito da janela;
- Um galerista que nem sim nem sopas;
- Uma dispensa que já tem coisas a mais e sem o essencial;
- Muitos frascos e frasquinhos de que não adivinho a utilidade (ácido bórico serve para quê?);
- Quintais de inveja;
- A minha irrequietude;
- A tua tibiez;
- Todos os meus pertences;
- A minha azelhice em prognose;
- Pilhas e pilhas de coisas que sei que não vejo ao ser um bloco sozinho na cidade, que anda depressa demais e sabe demenos.

- Tempo, minutos e horas de sol, que não sei relacionar com o Espaço.

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