sexta-feira, abril 27, 2007

Um ensaio

Estalei.

Fartei.

Estou entediado de ti!
Todos os dias te entreténs na exposição das tuas demências
Sujeitas-me ao triste espectáculo da tua estaticidade, imobilidade grave
que te traz em bridão
E sabes tu para onde?

Viraste as costas ao tempo?
Deixa-o lá atravessar-te homem, deixa-o por entre as tuas esquinas
Exigindo dele um pouco mais do que musgo.
Elites enfartadas pelam-se por bric-à-brac.
e Vanguardas correm obstinadas com a retaguarda.

Pois sim, ainda estás é exausto de ter arribado à Índia...

A culpa não é tua, sabes? Nunca foi.
Atenta bem nesta Carta.
Se o teu sangue se vai daqui, de ti, até ali, àquelas terras, a culpa é dos transportes, não é?
Miserável...

Concedes-te o luxo mais bizarro a que podias almejar, desbaratas a tua única seiva
Não tarda tens-te um País sem Nação, um Estado sem tecto.
Nem a cangazarenta nem os capitães da banca e do tractor.

Fazes-nos outros. Eternos estrangeiros com terra natal.
Vives dilemas nos quais nos embrulhas e continuarás a ser conhecido pelos teus restos
sacudidos à pressa pelo mundo, fantasmas assombrados pelos demónios maternos
serôdios, da parte da Pátria.

Vinificar-te e vivificar-te, queria.
Desenhar-te um trilho singular, deitar-te...
abrir-te ao mundo como a um tesouro
Por querer e obra, cavalgando um acaso a que, vá, chamaremos Valquíria, Brigite ou Lídia
Assim, ficas a um acaso que te deseje.
Calçando a minha inquietude vou.
Tinhas que perguntar para onde, claro. A tua calhandrice é fraternamente fatal.

Deixo-te assim, a disfarçares o interessezinho no meu destino
Largado em cima da tua história, a qual nunca leste, largando tempo sobre o meu futuro, agora que de nada te servirá.

Adeus, vê se ganhas Juízo.

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