quarta-feira, setembro 05, 2007

Brobdingnag

Falamos de Lemuel Gulliver, capitão Lemuel Gulliver.
Falamos portanto de um dos irlandeses com maior traquejo veperino de que há registo e lauda, Jonathan Swift (1667-1745).

Jonathan Swift sacudiu-se entre as duas ilhas conforme os ventos dos homens, ministrando a voz de Deus e arguindo a dos homens.

Dublin, Moor Park, Kilroot, Rathbeggan, Dunlavin, Londres, Dublin "like a rat in a hole", de tentativa em tentativa se esfalfou a existência deste homem.

De que nos recordamos? "Travels into Several Remote Nations of the World, in Four Parts, by Lemuel Gulliver, first a surgeon, and then a captain of several ships", ou se preferirem, "Gulliver`s Travels".

E daqui a nossa memória dispara imediatamente, sem dar tempo à equipa adversária que esprema a botoeira garrida: Lilliput!
Entretanto há quem quebre a cabeça procurando decifrar, inventando toda uma hermenêutica, a "word machine" (um gigante mecanismo usado para escrever frases e livros) relatada por Gulliver.

Por enquanto fico-me pela praia deste esforço, com os pés bem enterrados na areia.
Porquê que nos lembramos imediatamente de Lilliput?
Porquê que a obra que não se leu é representada imediatamente por esta nação, que juntamente com uma outra distante por um acaso de um canal, Blefuscu, não representa nada mais que um bando de irados pequenos homenzinhos, mais pequenos do que nós, que se degladiam em nome da maneira correcta de cozer um ovo?

Porquê que desta sátira não guardamos a imagem de Brobdingnag? Nação de gigantes, grandes como igrejas, governada por um rei iluminado que dos europeus guarda uma ideia pouco lisonjeira e decreta leis simples e fáceis de seguir?

Este capricho da memória comum parece-me riquíssimo, mas, que diabo, se o que não é mensurável não cabe no mundo este post é também mais uma cavaca atirada à fogueira da insignificância, uma caustica urinadela em lado nenhum, não é assim?

Etiquetas: