domingo, setembro 23, 2007

Cagaço

Não sei se já te disse.

Mas eu tenho medo.
O que não faz de mim uma ave-rara, não pode motivar severos indicadores seja de que mão for. Antes humaniza-me:
Contextualiza-me nesta geração de pais que nunca deixaram de ser, antes de tudo, filhos. Devolve-me a esta sociedade ultra-securitária que vive no horror de viver chamando-lhe medo da morte, do acaso, do anoitecer.

Sei que o medo é ambivalente. É condição de sobrevivência e bloqueador de existência.

É o nosso labirinto. É condição primeira de submissão. É o produto cujo controle valerá ziliões de unidades monetárias ainda por nomear, mais ainda do que aquelas que já rendeu pelo tempo decorrido!
Há quem lhe chame casa, lar, atribuem-se-lhe nomes que desencorajem por si o arranhar do muro para uma espiadela sobre o pacato desconhecido que está pra lá, naquele esconso horrível onde os males se agremiam, sabes, a rua, eu bem os vejo a cochiçar para me virem ao corpo e à faiança que era de tua trisavó.

Há quem e há quem. Há quens para tudo e mais alguma coisa, mas para saber o que é o medo de caras, para o fitar, encarar e desafiar sem que a tremura passe a nosso nome próprio conheço pouco quem bem.

Agora atenta. Observa. Já viste quão bela é a corja de corajosos que te rodeia no seu segredo mais íntimo?

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

um medo perdido nunca mais medo.

24/9/07 19:37  
Blogger Daniel MP said...

um medo enfrentado um mundo desvelado.

25/9/07 01:03  

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