quarta-feira, janeiro 09, 2008

O que se vai passando enquanto eu durmo acordado

Shhhh!
Peço às pataniscas de bacalhau que sosseguem, ao arroz de feijão que fumegue em silêncio e ao estômago que pare de berrar.
Da cerveja esqueci-me com a mesma indiferença com que a pedi, pois a meu lado dois homens feitos discutem um outro sem que se incomodem com a minha mudez.
Confrontam-se a respeito de um homem com ambições, a de exercer o poder e a de escrever num blog.
Um deles tenta um cheque ao Rei: "Mas afinal o que é que ele quer?".
Diz-se que quer construir, ele quer diluir as desigualdades, mas a grande escala, percebes, na sociedade.
Perfeitamente.
E será que os senhores estão dispostos a apoiá-lo nessa escalada?
Quem é? Ai quem é? É assunto que às minhas pataniscas não interessa. Mas a mim interessa-me que a ascensão de alguém dependa de quem discursa assim tão junto da minha orelha:
Olha lá. E as convicções dele? São as nossas?
São pois! A partir do momento que entro as suas convicções passam a ser as minhas.
Mas essas são as minhas convicções?
Estás a gozar comigo ou quê!? Então mas eu não te conheço!
Quais são então as tuas convicções, vá, os teus objectivos?
Oh pá! Não me lixes!
Ai...Quais são os teus objectivos ao estar com ele, diz-me lá!
Eu não ganho nada, pá! Eu sei coisas.
Não me estás a responder...
Eu acredito no gajo pá, ele não é como os outros, ele tem talento, tem integridade e sempre quis ser isso.

Sorri às minhas pataniscas que já dançavam com o arroz de feijão e perguntei-lhes baixinho: Apoiado?
Responderam-me que no próximo congresso se veria, que precisavam de lhe ver a pinta, de lhe ouvir o timbre, de ver se lhes dava a única coisa que dele esperariam: um eficaz entretém e um pouco de ilusão, que a vã glória de mandar é um espectáculo com fracos intérpretes nos tempos que correm e que mandasse beijinhos à picanha.
Despedi-me de uma nota, segui caminho.

As minhas pataniscas ainda queriam ir ver como paravam as modas no dia da sua morte.

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